sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sinais de Esperanças, O Martírio dos Perseguidos.

Sinais de Esperanças, O Martírio dos Perseguidos.
A História brasileira está prenhe de Esperanças que, em meios as violências arquitetadas e sadicamente praticadas por suas elites violentas, nos dá sinais de sua vitalidade. A história brasileira é uma história de muitas dores que nos leva ao massacre sistemático dos povos indígenas, ao holocausto negro, passando pela perseguição implacável ao movimento operário. A esses nessa reflexão que ora faço dirijo meus sinceros respeitos.
Mais um ano esta se completando e as buscas pelos esclarecimentos das circunstâncias dos desaparecimentos de muitos brasileiros durante a ditadura civil militar de 1964 continuam  ao meu ver caminhando em meio as tentativas de esvaziamentos, sobre o pretexto de que isso poderia detonar uma onda de revanchismo. O Estado brasileiro dirigido por sua classe dominante é o responsável por tamanho crime e sobre eles deveria se empenhar em esclarecer sem contemporização.
A saga desses brasileiros que se viram vítimas das ações criminosas da repressão militar civil nos 21 anos de ditadura não pode cair no esquecimento, ir para o baú e lá permanecer escondida. As memórias de suas lutas e de seus martírios devem ser celebradas e preservadas. Nós devemos isso a eles e aos seus familiares, esposas (os), Filhas (os), Pais, Avós... Que se viram privados de suas convivências e sem que em muitos casos sequer ficassem sabendo das reais circunstâncias de seus desaparecimentos.
A saudade, a dor e a perplexidade para os familiares dos desaparecidos são grandezas que eu não consigo mensurar. Fico a imaginar o desespero que se abatia na medida em que se chegavam notícias de uma prisão ou do desaparecimento de um esposo (a), pai, filho, sobrinho, neto... Como disse não consigo mensurar, portanto nessas breves reflexões, tento falar de solidariedade e contribuir para que suas lutas, ideais e martírios não sejam negligenciados.
A uma Mãe, Pai, Esposa (o), Filho, Neto, Avós que gostariam de ter acariciado o rosto de um familiar desaparecido e que nesse gesto afetuoso procurasse-lhes consolar e não puderam, devido as circunstâncias de seus desaparecimentos, eu gostaria de dizer alguns de meus sentimentos por vocês, Carinho, Respeito, Solidariedade.

 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Alberto Aggio: Gramsci continua atual, diz historiador

O Texto foi Extraido do Site: http://www.acessa.com/gramsci/?page=secao&id=5
Alberto Aggio - Setembro 2011
 
As manifestações contra regimes autoritários na Tunísia e em outros países árabes, os protestos na Espanha e no Chile e a perda de poder econômico dos EUA. Os últimos fatos no mundo que envolvem questões de democracia e hegemonia tornam cada vez mais atuais os conceitos do pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937). A opinião é de Alberto Aggio, da Unesp de Franca, especialista em história política. Aggio é um dos convidados da VII Semana Gramsciana, que começa hoje em Ribeirão e vai até a próxima sexta (Juliana Coissi).
Quais fatores históricos de hoje tornam atual o pensamento de Gramsci?

A mesa de que vou participar tem esse título, “Gramsci no seu e no nosso tempo”, pois esse pensamento atravessou o tempo dele e chega ao nosso. A democracia foi uma questão central para ele. Hoje, vemos que no mundo a democracia é tanto uma grande expectativa quanto um desafio para ser construído em vários cantos, inclusive em lugares surpreendentes, porque, quando menos se esperava, o norte da África explode em lutas.

Como o sr. vê esses protestos árabes à luz de Gramsci?

Há por trás disso a ideia de que a globalização alastrou algumas características da modernidade ocidental, mas ela é muito frágil em relação às dimensões políticas e culturais da vida moderna e àquilo que era a promessa da modernidade. Gramsci sugere que a democracia é o melhor terreno possível para formar sujeitos históricos com autonomia e garantir a sua emancipação diante de circunstâncias sociais opressivas. E os países árabes superam realidades históricas de décadas de autoritarismo. Não sabemos efetivamente onde vai dar.

Os protestos no Chile e os conflitos em Londres também têm a ver com essa questão?

O que tem a ver é que há uma crise da democracia representativa, mas não um esgotamento. Há uma crise com uma sociedade civil em vários cantos bastante dinâmica e participativa, reivindicando novas formas. Aí entra a sugestão gramsciana, das formas que a sociedade moderna encontra para se organizar e reorganizar.

E no Brasil, onde se encaixa o pensamento dele hoje?

Eu acho que a democracia brasileira é uma democracia jovem, ainda vivenciando um conjunto imenso de desafios. Nós temos um problema sério que é a corrupção. Essa corrupção mostra que a república e a democracia brasileiras ainda estão calcadas no predomínio da pequena política, e não da grande política, com um ranço tradicionalista, patrimonialista, que não separa o público do privado, onde o bem comum não é pensado de maneira coletiva. Então, nesse sentido, essa reflexão para o Brasil é atualíssima.

E a questão da Venezuela? A democracia liberal não tolera a democracia de Hugo Chávez.

Não acho isso. Primeiro, não acho que o Chávez seja democrático, porque tem perseguições, etc. O que digo é que ele é uma experiência que emergiu em um contexto de crise e de colapso de uma classe política corrupta e, a partir desse vazio, o Chávez, que é um personagem que vem do mundo militar, consegue ser eleito e estabelece uma estratégia muito eficaz da sua reprodução no poder. [Mas] Do meu ponto de vista, a alternância no poder é um elemento chave da democracia.
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Artigos relacionados:
O lugar de Gramsci
Chávez, revolução e democracia
El enigma bolivariano
Estudantes chilenos: pais de uma nova democracia?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Hannah Arendt, A Pluralidade Humana

O texto foi extraido do Site:
http://www.citador.pt/textos/a-pluralidade-humana-hannah-arendt

A Pluralidade HumanaA pluridade humana, condição básica da acção e do discurso, tem o duplo aspecto da igualdade e diferença. Se não fossem iguais, os homens seriam incapazes de compreender-se entre si e aos seus antepassados, ou de fazer planos para o futuro e prever as necessidades das gerações vindouras. Se não fossem diferentes, se cada ser humano não diferisse de todos os que existiram, existem ou virão a existir, os homens não precisariam do discurso ou da acção para se fazerem entender. Com simples sinais e sons poderiam comunicar as suas necessidades imediatas e idênticas.

Ser diferente não equivale a ser outro - ou seja, não equivale a possuir essa curiosa qualidade de «alteridade», comum a tudo o que existe e que, para a filosofia medieval, é uma das quatro características básicas e universais que transcendem todas as qualidades particulares. A alteridade é, sem dúvida, um aspecto importante da pluralidade; é a razão pela qual todas as nossas definições são distinções e o motivo pelo qual não podemos dizer o que uma coisa é sem a distinguir de outra.
Na sua forma mais abstracta, a alteridade está apenas presente na mera multiplicação de objectos inorgânicos, ao passo que toda a vida orgânica já exibe variações e diferenças, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Só o homem, porém, é capaz de exprimir essa diferença e distinguir-se; só ele é capaz de se comunicar a si próprio e não apenas comunicar alguma coisa - como sede, fome, afecto, hostilidade ou medo. No homem, a alteridade, que ele tem em comum com tudo o que existe, e a distinção, que ele partilha com tudo o que vive, tornam-se singularidades e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade dos seres singulares.

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'
Tema(s): Diversidade Humanidade

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Enrico Berlinguer, A Democracia como Valor Universal

A democracia como valor universal
Esse artigo foi extraido do Site:

Enrico Berlinguer - Setembro 2006
Tradução: Marco Mondaini
Uma década antes de Mikhail Gorbatchev apresentar as propostas de liberalização do regime soviético nos campos econômico (a perestroika) e ideológico (a glasnost), um dirigente comunista lançou o desafio da necessidade urgente da alteração dos rumos seguidos até então pelas sociedades socialistas, os chamados países do “socialismo real”. Um desafio centrado na idéia de que o socialismo deveria ser construído no mais profundo respeito pelas liberdades democráticas, individual e coletivamente. Herdeiro das melhores tradições do comunismo italiano de Antonio Gramsci e Palmiro Togliatti, Enrico Berlinguer (1922-1984) engajou-se, do início dos anos setenta até a sua morte em 1984, na defesa de um projeto de socialismo entendido como o ápice das conquistas democráticas nas esferas socioeconômica e político-ideológica, um projeto capaz de recuperar a liberdade perdida no decorrer das experiências revolucionárias socialistas do século XX. Um momento marcante da luta do então secretário-geral do Partido Comunista Italiano (PCI) deu-se no ano de 1977, em Moscou, durante as comemorações dos sessenta anos da Revolução Russa, quando, diante de centenas de dirigentes comunistas da URSS e de todas as partes do mundo, Berlinguer fala da necessidade de se pensar a “democracia como um valor universal”. (Marco Mondaini)
Caros camaradas, dirijo a todos vocês a saudação fraterna do PCI. Com legítimo orgulho — como disse o camarada Brejnev —, os comunistas e os povos da União Soviética festejam os sessenta anos da vitória da Revolução Socialista de Outubro, anos de um caminho tormentoso e difícil, mas rico de conquistas no desenvolvimento econômico planificado, na justiça social e na elevação cultural; um caminho no qual sobressaem a sua contribuição determinante, com o sacrifício de milhões e milhões de vidas humanas, à vitória sobre a barbárie nazifascista, e o seu constante trabalho para defender a paz mundial.
Com a Revolução Socialista de 1917, cumpre-se uma virada radical na história; e assim a sentem ainda hoje os trabalhadores de todos os continentes. A vitória do partido de Lenin foi de alcance verdadeiramente universal porque rompeu a prisão do domínio, até então mundial, do capitalismo e do imperialismo, e porque, pela primeira vez, pôs na base da construção de uma sociedade nova o princípio da igualdade entre todos os homens.
Através da brecha aberta aqui há 60 anos, tomaram vida os partidos comunistas e, sucessivamente, em conseqüência da mutação nas relações de força em escala mundial realizada com a derrota do nazismo, em outros países se pôde empreender a passagem do capitalismo a relações sociais e de produção socialistas, enquanto em continentes inteiros afirmaram-se movimentos que fizeram ruir os velhos impérios coloniais, e, nos países capitalistas, cresceram as idéias do socialismo e a influência do movimento operário.
O conjunto de forças revolucionárias e do progresso — partidos, movimentos, povos, Estados — tem em comum a aspiração a uma sociedade superior à capitalista, a aspiração à paz, a uma ordem internacional fundada sobre a justiça: aqui está a razão indestrutível daquela solidariedade internacionalista que deve ser continuamente procurada.
Mas é claro também que o sucesso da luta de todas estas forças variadas e complexas exige que cada uma siga vias correspondentes à peculiaridade e às condições concretas de cada país, mesmo quando se trata de preparar e levar a cabo a edificação de sociedades socialistas: a uniformidade é tão danosa quanto o isolamento.
No que diz respeito às relações entre os partidos comunistas e operários, sendo pacífico que não podem existir, entre eles, partidos que guiam e partidos que são guiados, o desenvolvimento da sua solidariedade requer o livre confronto de opiniões diferentes, a estreita observância da autonomia de cada partido e a não-ingerência nos assuntos internos.
O Partido Comunista Italiano também surgiu sob o impulso da Revolução dos Sovietes. Ele cresceu depois, sobretudo porque conseguiu fazer da classe operária, antes e durante a Resistência, a protagonista da luta pela reconquista da liberdade contra a tirania fascista e, no curso dos últimos 30 anos, pela salvaguarda e o desenvolvimento mais amplo da democracia.
A experiência realizada nos levou à conclusão — assim como aconteceu com outros partidos comunistas da Europa capitalista — de que a democracia é hoje não apenas o terreno no qual o adversário de classe é forçado a retroceder, mas é também o valor historicamente universal sobre o qual se deve fundar uma original sociedade socialista.
Eis por que a nossa luta unitária — que procura constantemente o entendimento com outras forças de inspiração socialista e cristã na Itália e na Europa Ocidental — está voltada para realizar uma sociedade nova, socialista, que garanta todas as liberdades pessoais e coletivas, civis e religiosas, o caráter não ideológico do Estado, a possibilidade da existência de diversos partidos, o pluralismo na vida social, cultural e ideal.
Camaradas, grandes são os deveres a que vocês foram chamados pelas próprias e elevadas metas alcançadas no desenvolvimento do seu país, e elevada é a função que lhes destina a delicada fase internacional na luta pela paz, pela distensão, pela cooperação entre os povos.
Todos temos ainda muito caminho a percorrer. Mas nós, comunistas italianos, estamos certos de que, desenvolvendo os resultados da Revolução de Outubro segundo os deveres e os modos que a cada um são próprios, os partidos comunistas e operários, os movimentos de libertação, as forças progressistas de cada país conseguirão determinar — na conseqüente universalização da democracia, da liberdade e da emancipação do trabalho — a superação em escala mundial da velha ordem capitalista e, então, assegurar um futuro mais calmo e feliz para todos os povos.
Agradecemos-lhes, caros camaradas, o convite para estas solenes celebrações da Revolução de Outubro, e acolham os calorosos votos, que os comunistas italianos transmitem aos comunistas, aos trabalhadores e aos povos da União Soviética, de sucesso na causa da paz e do socialismo.
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Texto original em Berlinguer, Enrico. Attualità e futuro. Roma: L’Unità, 1989, p. 28-30. Tradução brasileira em Mondaini, Marco. Direitos humanos. São Paulo: Contexto, 2006. Este texto também foi publicado em La Insignia.


Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Poder , O Estado e o Socialismo

 Bob Jessop
O artigo pode ser lido na integra no Site:
www.scielo.br/pdf/rsocp/v17n33/v17n33a10.pdf -

Poulantzas afirmou que O Estado, o poder, o socialismo, sua última grande obra, completou a teoria do tipo
capitalista de Estado que Marx e Engels deixaram incompleta. Embora essa imodesta mas provocativa
afirmação certamente mereça discussão, ela não pode ser avaliada seriamente em um curto ensaio. Em vez
disso, neste artigo desenvolver-se-ão quatro argumentos principais. Em primeiro lugar, Poulantzas elaborou
uma contribuição maior para a teoria do tipo capitalista de Estado que vai bem além das análises
marxistas mais convencionais e contrasta marcadamente com estudos sobre o Estado na sociedade capitalista.
Em segundo lugar, ele desenvolveu uma abordagem mais ampla para o Estado como uma relação
social que sustenta o tipo capitalista de Estado, diversos estados nas formações sociais capitalistas e a
condição estatal de modo geral. Em terceiro lugar, ele adotou ambas abordagens em suas próprias análises
teóricas e históricas. Em quarto lugar, sua análise da forma atual do tipo capitalista de Estado era altamente
presciente, com o “estatismo autoritário” muito mais evidente agora que quando ele notou os traços de
seu surgimento nos anos 1970. Após desenvolver esses argumentos, o artigo também indica algumas limitações
básicas da abordagem de Poulantzas para a teoria materialista do Estado, concluindo que O Estado,
o poder, o socialismo deveria ser percebido como um clássico moderno.
PALAVRAS-CHAVE: Poulantzas; teoria marxista do Estado; tipo capitalista de Estado; estatismo autoritário.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Partido Comunista do Egito condena a repressão brutal

http://www.initiative-communiste.fr/wordpress/?p=10139

O Partido Comunista egípco condena a brutal repressão orquestrada pelas forças de segurança em confrontos entre os manifestantes e os manifestantes na praça Tahrir , que começou sábado, 19 de novembro, e ter matado dezenas de manifestantes que se juntam ao famílias dos mártires da Revolução .

A repressão brutal continua contra milhares de manifestantes veio em solidariedade com aqueles na praça Tahrir, no Cairo, e em várias cidades do interior, expressando a sua raiva contra a aplicação da lei métodos, e exigir que o poder seja rapidamente se transformou ao longo dos civis, dizendo que a revolução foi confiscado e que nada mudou.

As forças de segurança recorreram a várias formas de prática e métodos particularmente brutais de punição para os jovens mártires caem no Cairo e Alexandria, e que centenas de outros gravemente feridos emergir. Muitos deles sendo tratados em hospitais improvisados ​​na área por medo de punição e encarceramento.

Isso confirma a continuidade nos mesmos métodos criminal, as ações brutais das forças de segurança já está trabalhando sob o regime de Mubarak antes da revolução, com as mesmas armas e os mesmos métodos, incluindo o uso de bandidos para quebrar o sit-in e espancar os manifestantes. O Partido Comunista exige um fim imediato a tais práticas , exigir a renúncia do ministro do Interior e do estabelecimento do âmbito de uma investigação independente sobre esses crimes para julgar . Ele toma a lei de potência (a junta militar e do governo) responsável pela situação do país causado pela implementação de políticas indo na direção errada, e não atender aos requisitos da Revolução.

O partido ressalta que a única saída para esta grave situação, que ameaça mergulhar o país no caos, com uma nova espiral de violência, é formar um governo provisório revolucionário de salvação nacional, respondendo imediatamente com os requisitos da a revolução, e preparar o país para uma democracia liderada por civis, com o desenvolvimento de uma constituição democrática durante este período de transição, e eleição de um presidente e do parlamento nessa base.

Esta grave situação exige que todas as forças da revolução, os partidos políticos e grupos revolucionários de jovens manifestantes, a unidade de propósito e direção . Ao definir prioridades claras, eles podem salvar o país dos perigos que a ameaçam e conduzir as massas na direção certa. Eles podem derrotar os inimigos da revolução, aqueles que procurarem avançar em seus próprios objetivos estreito, tentando levar o país em conflito artificial desvio dos objetivos de atender às demandas das massas.


Artigo publicado por Dragan MIRIANOVIC, 26 de novembro de 2011