segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ASTROJILDO PEREIRA UM INTELECTUAL ENGANJADO

A BIOGRAFIA COMPLETA DE ASTROJILDO PEREIRA PODE SER ENCONTRADA NO SITE:

Com a vitória da Revolução Russa, em 1917, começou a afastar-se do anarquismo.
Em 1922, participou do congresso de fundação do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), em Niterói (RJ). Em seguida, foi eleito secretário-geral da nova organização e nessa condição fez sua primeira viagem à União Soviética, em 1924. No ano seguinte, o PCB iniciou a publicação do jornal A Classe Operária, que teve Astrojildo e Otávio Brandão como principais redatores. Em 1927, encarregado pela direção do partido de buscar contato com Luís Carlos Prestes, exilado na Bolívia, para propor-lhe entendimentos políticos, entregou ao líder tenentista diversos volumes de literatura marxista. Ainda nesse ano o PCB passou a estimular uma política de frente eleitoral com outros setores de esquerda, o que acabou resultando na criação do Bloco Operário, posteriormente rebatizado de Bloco Operário e Camponês (BOC). Em 1928, passou a fazer parte do Comitê Executivo da Internacional Comunista, eleito seu membro no VI Congresso da entidade.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vianinha, o Autor e sua Obra

A Biografia de Oduvaldo Vianna Filho pode ser acessada em:
http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/tag/oduvaldo-vianna-filho/

Oduvaldo Vianna Filho (Rio de Janeiro, 04/06/1936 – 16/07/1974), o Vianninha, é um dos mais importantes nomes da cultura brasileira. Seu principal legado foi na dramaturgia, tendo escrito mais de 20 peças, além de roteiros para cinema e televisão. Também foi ator e agitador cultural. Sua vida e obra foram marcadas por intensa preocupação política e social. Vianninha foi participante ativo do Teatro de Arena, fundador do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Grupo Opinião...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Frente Democrática e o Cerco ao PCB, Olhos no Presente e no Futuro

Uma vez vitorioso o golpe civil-militar em 1964 e com a consolidação da ditadura fez-se necessário avaliar suas causas e pensar quais seriam os caminhos que levariam a sua superação. Estas discussões não seriam fáceis aos comunistas brasileiros. Em relação a esses dois aspectos não houve unanimidade e pelo contrário o que se presenciou foi uma fragmentação política e orgânica do PCB. O acerto de contas seria muito caro a esta organização, cuja direção se dividiu.

Duas tendências principais se confrontaram na direção do PCB, havia um setor expressivo composto por líderes como Carlos Marighela, Mário Alves, Apolônio de Carvalho e Jacob Gorender que defendia que o partido errou por sérios desvios de direita e foi demasiado conciliador, colocando-se a reboque da burguesia e do governo Goulart, outro setor do partido liderado por dirigentes de peso como Luís Carlos Prestes, Giocondo Dias, Armênio Guedes e Dinarco Reis defendia que os erros do partido foi justamente o de ter sido demasiado esquerdista, sectário, não avaliando a real correlação de força do momento, contribuindo para o isolamento do governo.

O que se viu a seguir foi uma sucessão de acusações mútuas que levaram a várias cisões nas fileiras do PCB. Organizações políticas como a ALN, o PCBR e o MR-8 surgiram neste contexto. Os seus membros fizeram a opção pelo enfrentamento armado à ditadura. Estas organizações envolveram-se em projetos de incentivos luta guerrilheira no Brasil. O PCB ao contrário optou pela formação Frente Democrática e condenou publicamente a luta armada. Esta opção possibilitou-lhe a se aproximar de outros importantes setores políticos e a atuar na organização do antigo MDB, Movimento Democrático Brasileiro, que veio a se constituir numa importante força da oposição democrática ao governo arbitrário da ditadura.

O caminho proposto por aquelas organizações que optaram pela luta armada teve um fôlego curto e não se constituiu enquanto uma opção viável. A maior parte destes grupos foi dizimada pelas forças da repressão em pouco espaço de tempo. Em contrapartida as eleições de 1974 foram fundamentais, pois se registraram importantes vitórias da oposição. Paradoxalmente foi neste período em que a Frente Democrática representada pelo MDB demonstrava sinais de vitalidade com os resultados destas eleições que o PCB um dos seus fundadores sofreu uma forte repressão que resultou em assassinatos e desaparecimentos de vários de seus membros, um terço de sua direção nacional foi assassinada pela repressão militar.

Após aniquilar as organizações guerrilheiras passou-se a montar o cerco ao PCB, pois era preciso quebrar-lhe a espinha. A sua orientação política de arregimentação de forças que se opusessem a ditadura e de fortalecimento dos movimentos sociais, confirmava-se justa e despontava como o melhor caminho de sua superação. Nesta orientação defendia-se que o regime militar não poderia ser derrotado, mediante as ações de pequenos grupos militarizados e ditos de vanguardas. Ao contrário o que poderia levar a derrota da ditadura seria a atuação      de amplos setores sociais em defesa das causas democráticas.

Os mentores do regime ao reprimir o PCB tinham em mente, também fragilizar a oposição já que este partido era um dos seus principais organizadores. A fragilização do PCB poderia levar a fragilização do MDB e fazia parte de um complexo plano que tinha “olhos no presente e no futuro”, pois visava limitar os possíveis processos de abertura do regime e minimizar suas influências na condução da redemocratização da sociedade.  




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

JOÃO GOULART, O CERCO FECHOU, O BICHO PEGOU!

O Governo João Goulart, O Jango e as Reformas de Base, quando o Cerco fechou, o Bicho Pegou!

João Belchior Marques Goulart, o João Goulart, ou melhor, o Jango, foi um personagem da história política brasileira muito polêmico, pois conseguiu ter perante parcelas significativas de trabalhadores uma forte simpatia, mas que por outro lado acumulou fortes críticas quer seja das chamadas forças conservadoras, que o acusavam de querer implantar uma República Sindicalista no Brasil e de expressivos setores da esquerda brasileira, que o acusavam de conduzir um governo vacilante e conservador. Quando Ministro do Trabalho de Getúlio em seu segundo mandato, propôs um aumento do salário mínimo em 100%, provocando imediatas reações do empresariado.

João Goulart, o Jango como era chamado assumiu o governo em meio a fortes crises institucionais e políticas, pois era Vice-Presidente de Jânio Quadros, o homem da vassourinha. Quando Jânio Quadros renunciou, Jango estava em visita à China Comunista, fator esse aproveitado por setores das Forças Armadas que tentaram impedir sua posse. Eram tempos de Guerra Fria, de Revolução Cubana, Guerra do Vietnam, portanto de um cenário político externo bastante complicado. Assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril.

O Brasil por sua vez, também vivia um forte clima de polarização política. Os movimentos sociais estavam em plenas atividades e pressionavam Jango em relação as suas reivindicações. O antigo CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), liderados por sindicalistas como Hércules Corrêa, Roberto Morena e Osvaldo Pacheco organizavam diversas manifestações operárias, no campo havia sido fundada a CONTAG ( Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura ), tendo a frente um líder como Lindolfo Silva. As Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião atiçavam a ira dos latifundiários. A UNE (União Nacional dos Estudantes) estava a pleno vapor com suas campanhas em prol de uma educação pública e de qualidade e da defesa de uma aliança estudantil com operários e camponeses.

O Jango um político habilidoso procurava costurar um consenso nacional para que pudesse aprovar medidas que segundo alguns pesquisadores poderiam conduzir a modernização do capitalismo brasileiro, ou seja, as chamadas Reformas de Base. Além da Reforma Agrária, o programa das Reformas de Base propunha a Reforma Tributária, Reforma Administrativa, Reforma Financeira e Reforma Educacional. Além destas medidas que por si só já eram um vespeiro, havia outras propostas como a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais, a extensão ao direito do voto aos analfabetos, aos soldados, cabos e sargentos das Forças Armadas, perigo a vista. Não pararam por ai havia também as propostas de nacionalização das empresas prestadoras de serviços públicos e a indústria farmacêutica, a ampliação do monopólio da Petrobras, a limitação da remessa de lucros para o exterior por parte das empresas estrangeiras.

O clima político esquentava mais ainda na medida em que as discussões avançavam. O governo tinha importantes apoios no movimento social, mas, sofria forte oposição de empresários, fazendeiros, militares, de setores da classe média, dos EUA que temia pelos seus interesses econômicos. Ambos os lados se mobilizavam, no dia 13 de março de 1964 ocorreu o histórico comício da Central do Brasil que reuniu cerca de 150 mil pessoas em defesa das Reformas de Base, neste comício foram assinados dois decretos, o que transferia a Petrobras as refinarias que ainda eram privadas e o que definia as áreas sujeitas a desapropriação para fins de Reforma Agrária. A resposta dos setores conservadores contrários a estas medidas foi a organização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, manifestação em São Paulo que mobilizou uma grande quantidade de pessoas favoráveis a retirada de João Goulart do poder.

A radicalização, tanto de setores importantes da esquerda, quanto da direita aumentava, muitas greves, os marinheiros se revoltaram contra seus superiores, Jango os anistia, causando entre oficiais fortes reações. O quadro estava se fechando. A Jango foi proposto que casasse o CGT, mas ele se recusou. Cada vez mais isolado, a direita foi ganhando espaço e fechando o cerco. Importantes líderes da esquerda não percebiam o perigo que se encontrava o governo. O desfecho é conhecido, a reação conservadora, amparada num forte militarismo e com apoio financeiro e militar dos EUA com a participação da CIA deu início a um movimento golpista no dia 31 de março, consumado no dia 1° de abril de 1964.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Acerto de Contas a Moda Verde Oliva, ao Som dos Coturnos e Baionetas



UmA sociedade brasileira que aspirou um forte clima democrático com o fim da ditadura do Estado Novo e com o Pós Guerra, viveu dias de sérios conflitos entre os anos de 1950 aos primeiros anos da década de 1960. Da forte agitação que tomou conta da Cidade de São Paulo com a famosa greve que levou a paralisação de cerca de 300 mil trabalhadores a perplexidade diante do suicídio de Getúlio de tudo aconteceu um pouco. Os golpistas de 1964 já conspiravam.

O suicídio de Vargas jogou um balde de água fria nas aspirações golpistas que haveriam de fazer um acerto de contas com a sociedade brasileira alguns anos mais tarde com o golpe civil-militar iniciado no dia 31 de março de 1964, a moda verde-oliva, ao som dos coturnos e baionetas. Uma triste e terrível tragédia se abateu sobre o Brasil, o que se viu a seguir foi uma sucessão de arbitrariedades.

Sobre as possíveis causas que levaram ao golpe que instaurou a ditadura há muitas análises e avaliações divergentes. Há posições que defendem que o governo de João Goulart foi um governo entreguista burguês que vacilou diante das pressões golpistas. Outro grupo de análises defende que houve durante o governo de João Goulart uma forte radicalização de esquerda que ao polarizar-se com a radicalização das forças conservadoras contribuíram para o seu desgaste e propiciasse o movimento golpista.

È um equívoco crer que as arbitrariedades instauradas com golpe se deram apenas para conter o avanço dos movimentos sociais. Suas ações nefastas se voltaram sobre toda a sociedade, quaisquer pessoas poderiam tornar-se suspeitas. As leis arbitrárias se estenderam a todos e não apenas as forças de oposição. Segmentos conservadores brasileiros aliados a interesses norte-americanos impuseram-se e ditaram as regras.

Outro equívoco a ser observado é relativo à análise da oposição realizada durante os governos militares. Há uma tendência de quando se trata desse assunto de se ater apenas as ações daqueles que optaram pelo enfrentamento armado. Isso, indiretamente leva água às tentativas dos golpistas de justificar a repressão como se ela tivesse ocorrido apenas contra as chamadas ações armadas e terroristas. Expressivos setores da chamada oposição democrática foram alvos da repressão e mais, pairava sobre toda sociedade a ação do Terrorismo de Estado.

O que possibilitou o fim da ditadura foi a conjunção de vários fatores, entre eles, um lento, desgastante e perigoso trabalho realizado por aqueles que optaram por um caminho de arregimentação de forças, de fortalecimento dos movimentos sociais, da valorização das liberdades democráticas e que acima de tudo não via na derrota da ditadura uma obra de pequenos grupos de vanguardas, mas, sim de um conjunto de ações coletivas imprimidas por toda sociedade.

Mesmo com os desgastes que foram sofrendo ao longo dos sucessivos governos militares, como se diz em uma expressão popular, os militares possuíam muita lenha para queimar. Tentaram impor uma abertura na qual eles continuariam no controle, qualquer deslize da oposição seria aproveitado. Após conseguirem barrar a emenda Dante de Oliveira que instituiria as eleições diretas para Presidente, o seu fim foi em função de um longo processo de negociação em que levou a luta para o último round no Colégio Eleitoral.  

Ao Término de 20 anos de ditadura civil-militar no Brasil, o acerto de contas que promoveram foi trágico, um país endividado, inflação a pleno vapor, um saldo muito grande de dor pelos milhares de brasileiros perseguidos, mortos e desaparecidos. Vladimir Herzog, Manoel Fiel Filho, Rubens Paiva, David Capistrano, José Montenegro e a todos cuja ação terrorista do Estado brasileiro os atingiram, sentimos muito por suas vidas, um obrigado pelo exemplo de patriotismo e dedicação.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Guerra Fria não foi tão Fria!

A
O período histórico chamado de guerra fria que emergiu após o fim dos conflitos da Segunda Guerra Mundial e sucumbido com o fim do chamado socialismo real foi marcado por muitas conturbações sociais. Nele muitos sonhos se construíram e se desmoronaram. Em relação a esta temática há muitas polêmicas, por exemplo, há Pesquisadores que defendem que a guerra fria iniciou-se com a realização da Conferência de Yalta, onde em um acordo silencioso, o planeta foi dividido em áreas de influências, ou seja, dos EUA e da URSS, outros defendem que este período iniciou-se com o término da Segunda Guerra Mundial.

A guerra fria não foi tão fria, o que se presenciou foi um mundo que vivia sérios dilemas. Capitalismo e Socialismo se defrontavam e EUA e URSS disputavam o controle da hegemonia mundial. Nos EUA foram travadas sérias lutas pelos direitos civis contra o racismo, na URSS no XX Congresso do PCUS, Partido Comunista da União Soviética, foram denunciados os crimes de Stálin. Muita perplexidade pairava sobre o ambiente político em todas as partes do planeta.

No Brasil com o fim do Estado Novo viveu-se uma grande euforia embalada pelos sonhos de democracia, após a eleição para Presidente de Eurico Gaspar Dutra e com a promulgação da Constituição de 1946. Porém, este clima de euforia democrática iria ser frustrado, pois as forças conservadoras e alinhadas aos interesses norte-americanos no país trataram de conte-lo. O antigo PCB, então Partido Comunista do Brasil, foi caçado e teve seus direitos políticos suspensos, Getúlio Vargas em seu segundo mandato suicidou-se em Agosto de 1954 e em finais de Março de 1964, o país sofreu um sério golpe com a instalação de uma ditadura civil militar que perdurou por vinte anos.

África e Ásia reclamaram suas independências, pois desde o século XIX encontravam-se ocupadas e exploradas por potências estrangeiras como a França e a Inglaterra. Angola, Moçambique, Guiné Bissau sofreriam sérias retaliações por ousarem lutar contra o colonialismo português. Os povos árabes, particularmente os palestinos, em luta contra o sionismo de Israel, conheceram bem de perto também estes desconfortos.

Da revolução cubana, ao desespero provocado pelos assassinatos de Marthin Luther King, John Kennedy, Che Guevara, Steven Biko e Lumumba, ao bombardeio incessante do Vietnam, ao festival de Woodstock, a primavera de Praga, as lutas no Brasil e na América Latina contra as ditaduras, as lutas pelos direitos das mulheres, as lutas do povo sul africano contra o Apartheid, as perseguições implacáveis a Mandela e a Yasser Arafat, fizeram esperanças e frustrações deste período se manifestarem.

João do Vale com o refrão de sua canção “Carcará pega mata e come” demonstrava ao Brasil as duras condições de vida da população nordestina, Chico Buarque anunciava que “Estava à toa na Vida Esperando a Banda Passar e que Amanhã vai ser outro Dia”,  Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Cantavam ao mundo, “Faça Amor não Faça Guerra”, Roberto Carlos cantava, “Essa Garota é Papo Firme”, Gil, Caetano,  lançavam o “ O Movimento Musical Tropicália”, Geraldo Vandré assombrava os militares com sua canção, “Para não dizer que falei das flores”.


Enquanto isso na França, os estudantes entusiasticamente apoiados por Sartre colocavam a prova a democracia francesa e sem falar em Leila Diniz que se deixou fotografar grávida de biquíni, sendo acusada de corromper a moral da família brasileira. Para assombrar ainda mais, o biquíni, a minissaia e as pílulas anticoncepcionais pediam passagem.

A URSS chegou ao fim no início da década de 1990, o muro de Berlim caiu, Os EUA e o neoliberalismo despontaram como vencedores. Novas promessas, o mundo estaria livre do comunismo, a imprensa mundial reverenciava Boris Yeltsin, como pai da democracia na Rússia, no Brasil, a ditadura chegara ao fim no ano de 1985 e um Presidente seria afastado por impeachment, Bush e Berlusconi preparavam seus vôos. Uma indagação, porém nos restava a fazer ao final da guerra fria, estaríamos a viver com a supremacia dos EUA e do neoliberalismo o fim da História?