segunda-feira, 12 de setembro de 2011

JOÃO GOULART, O CERCO FECHOU, O BICHO PEGOU!

O Governo João Goulart, O Jango e as Reformas de Base, quando o Cerco fechou, o Bicho Pegou!

João Belchior Marques Goulart, o João Goulart, ou melhor, o Jango, foi um personagem da história política brasileira muito polêmico, pois conseguiu ter perante parcelas significativas de trabalhadores uma forte simpatia, mas que por outro lado acumulou fortes críticas quer seja das chamadas forças conservadoras, que o acusavam de querer implantar uma República Sindicalista no Brasil e de expressivos setores da esquerda brasileira, que o acusavam de conduzir um governo vacilante e conservador. Quando Ministro do Trabalho de Getúlio em seu segundo mandato, propôs um aumento do salário mínimo em 100%, provocando imediatas reações do empresariado.

João Goulart, o Jango como era chamado assumiu o governo em meio a fortes crises institucionais e políticas, pois era Vice-Presidente de Jânio Quadros, o homem da vassourinha. Quando Jânio Quadros renunciou, Jango estava em visita à China Comunista, fator esse aproveitado por setores das Forças Armadas que tentaram impedir sua posse. Eram tempos de Guerra Fria, de Revolução Cubana, Guerra do Vietnam, portanto de um cenário político externo bastante complicado. Assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril.

O Brasil por sua vez, também vivia um forte clima de polarização política. Os movimentos sociais estavam em plenas atividades e pressionavam Jango em relação as suas reivindicações. O antigo CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), liderados por sindicalistas como Hércules Corrêa, Roberto Morena e Osvaldo Pacheco organizavam diversas manifestações operárias, no campo havia sido fundada a CONTAG ( Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura ), tendo a frente um líder como Lindolfo Silva. As Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião atiçavam a ira dos latifundiários. A UNE (União Nacional dos Estudantes) estava a pleno vapor com suas campanhas em prol de uma educação pública e de qualidade e da defesa de uma aliança estudantil com operários e camponeses.

O Jango um político habilidoso procurava costurar um consenso nacional para que pudesse aprovar medidas que segundo alguns pesquisadores poderiam conduzir a modernização do capitalismo brasileiro, ou seja, as chamadas Reformas de Base. Além da Reforma Agrária, o programa das Reformas de Base propunha a Reforma Tributária, Reforma Administrativa, Reforma Financeira e Reforma Educacional. Além destas medidas que por si só já eram um vespeiro, havia outras propostas como a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais, a extensão ao direito do voto aos analfabetos, aos soldados, cabos e sargentos das Forças Armadas, perigo a vista. Não pararam por ai havia também as propostas de nacionalização das empresas prestadoras de serviços públicos e a indústria farmacêutica, a ampliação do monopólio da Petrobras, a limitação da remessa de lucros para o exterior por parte das empresas estrangeiras.

O clima político esquentava mais ainda na medida em que as discussões avançavam. O governo tinha importantes apoios no movimento social, mas, sofria forte oposição de empresários, fazendeiros, militares, de setores da classe média, dos EUA que temia pelos seus interesses econômicos. Ambos os lados se mobilizavam, no dia 13 de março de 1964 ocorreu o histórico comício da Central do Brasil que reuniu cerca de 150 mil pessoas em defesa das Reformas de Base, neste comício foram assinados dois decretos, o que transferia a Petrobras as refinarias que ainda eram privadas e o que definia as áreas sujeitas a desapropriação para fins de Reforma Agrária. A resposta dos setores conservadores contrários a estas medidas foi a organização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, manifestação em São Paulo que mobilizou uma grande quantidade de pessoas favoráveis a retirada de João Goulart do poder.

A radicalização, tanto de setores importantes da esquerda, quanto da direita aumentava, muitas greves, os marinheiros se revoltaram contra seus superiores, Jango os anistia, causando entre oficiais fortes reações. O quadro estava se fechando. A Jango foi proposto que casasse o CGT, mas ele se recusou. Cada vez mais isolado, a direita foi ganhando espaço e fechando o cerco. Importantes líderes da esquerda não percebiam o perigo que se encontrava o governo. O desfecho é conhecido, a reação conservadora, amparada num forte militarismo e com apoio financeiro e militar dos EUA com a participação da CIA deu início a um movimento golpista no dia 31 de março, consumado no dia 1° de abril de 1964.

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