sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Guerra Fria não foi tão Fria!

A
O período histórico chamado de guerra fria que emergiu após o fim dos conflitos da Segunda Guerra Mundial e sucumbido com o fim do chamado socialismo real foi marcado por muitas conturbações sociais. Nele muitos sonhos se construíram e se desmoronaram. Em relação a esta temática há muitas polêmicas, por exemplo, há Pesquisadores que defendem que a guerra fria iniciou-se com a realização da Conferência de Yalta, onde em um acordo silencioso, o planeta foi dividido em áreas de influências, ou seja, dos EUA e da URSS, outros defendem que este período iniciou-se com o término da Segunda Guerra Mundial.

A guerra fria não foi tão fria, o que se presenciou foi um mundo que vivia sérios dilemas. Capitalismo e Socialismo se defrontavam e EUA e URSS disputavam o controle da hegemonia mundial. Nos EUA foram travadas sérias lutas pelos direitos civis contra o racismo, na URSS no XX Congresso do PCUS, Partido Comunista da União Soviética, foram denunciados os crimes de Stálin. Muita perplexidade pairava sobre o ambiente político em todas as partes do planeta.

No Brasil com o fim do Estado Novo viveu-se uma grande euforia embalada pelos sonhos de democracia, após a eleição para Presidente de Eurico Gaspar Dutra e com a promulgação da Constituição de 1946. Porém, este clima de euforia democrática iria ser frustrado, pois as forças conservadoras e alinhadas aos interesses norte-americanos no país trataram de conte-lo. O antigo PCB, então Partido Comunista do Brasil, foi caçado e teve seus direitos políticos suspensos, Getúlio Vargas em seu segundo mandato suicidou-se em Agosto de 1954 e em finais de Março de 1964, o país sofreu um sério golpe com a instalação de uma ditadura civil militar que perdurou por vinte anos.

África e Ásia reclamaram suas independências, pois desde o século XIX encontravam-se ocupadas e exploradas por potências estrangeiras como a França e a Inglaterra. Angola, Moçambique, Guiné Bissau sofreriam sérias retaliações por ousarem lutar contra o colonialismo português. Os povos árabes, particularmente os palestinos, em luta contra o sionismo de Israel, conheceram bem de perto também estes desconfortos.

Da revolução cubana, ao desespero provocado pelos assassinatos de Marthin Luther King, John Kennedy, Che Guevara, Steven Biko e Lumumba, ao bombardeio incessante do Vietnam, ao festival de Woodstock, a primavera de Praga, as lutas no Brasil e na América Latina contra as ditaduras, as lutas pelos direitos das mulheres, as lutas do povo sul africano contra o Apartheid, as perseguições implacáveis a Mandela e a Yasser Arafat, fizeram esperanças e frustrações deste período se manifestarem.

João do Vale com o refrão de sua canção “Carcará pega mata e come” demonstrava ao Brasil as duras condições de vida da população nordestina, Chico Buarque anunciava que “Estava à toa na Vida Esperando a Banda Passar e que Amanhã vai ser outro Dia”,  Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Cantavam ao mundo, “Faça Amor não Faça Guerra”, Roberto Carlos cantava, “Essa Garota é Papo Firme”, Gil, Caetano,  lançavam o “ O Movimento Musical Tropicália”, Geraldo Vandré assombrava os militares com sua canção, “Para não dizer que falei das flores”.


Enquanto isso na França, os estudantes entusiasticamente apoiados por Sartre colocavam a prova a democracia francesa e sem falar em Leila Diniz que se deixou fotografar grávida de biquíni, sendo acusada de corromper a moral da família brasileira. Para assombrar ainda mais, o biquíni, a minissaia e as pílulas anticoncepcionais pediam passagem.

A URSS chegou ao fim no início da década de 1990, o muro de Berlim caiu, Os EUA e o neoliberalismo despontaram como vencedores. Novas promessas, o mundo estaria livre do comunismo, a imprensa mundial reverenciava Boris Yeltsin, como pai da democracia na Rússia, no Brasil, a ditadura chegara ao fim no ano de 1985 e um Presidente seria afastado por impeachment, Bush e Berlusconi preparavam seus vôos. Uma indagação, porém nos restava a fazer ao final da guerra fria, estaríamos a viver com a supremacia dos EUA e do neoliberalismo o fim da História?

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